quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os Amigos


"Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

'Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.'
- Que cento e nove impávidos marotos!"


Camilo Castelo Branco

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