quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Cicatrizes



“Cicatrizes,
São sinais de uma ferida
Que me trouxe nesta vida
O desejo de te amar.
Cicatrizes,
São lembranças de um passado
Do meu sonho tão amado
Onde eu ia naufragar.

Eu amava eternamente
Quem por mim amor não tinha
E me deixou pobrezinha                (BIS)
A viver na ilusão.
E por isso tristemente,
Mas dizendo a minha sorte,
A Deus peço por ter sorte
Que traga, portanto, a morte
Ao meu pobre coração.

Cicatrizes,
São ofensas, são queixumes
Dessas horas de ciúmes
Que eu por ti sempre passei.
Cicatrizes,
São as marcas doloridas
Dessas lágrimas sentidas
Que eu por ti sempre chorei.

Cicatrizes de uma vida
Cheias de angústia e tormento,
Mas levadas pelo tempo
Tem piedade no momento,
Penetrais no coração.
Cicatrizes de uma ferida,
Vós caís no esquecimento,
Mas levadas pelo tempo
Tem piedade pelo tormento
Que sofre meu coração.”



Autor desconhecido

Este poema é a letra de um fado que a minha avó ouvia quando era pequena. Este fado era cantado por um caixeiro viajante, como eram antigamente conhecidos os vendedores que andavam de terra em terra, quando ele ia a Alijó.
Desde então ela nunca esqueceu esta música que tem tanto de bela como de triste, mas que é realmente a tradução daquilo que muitos sentem... daquilo por que muitos passam.
Assim, posso dizer com toda a certeza que este poema foi escrito antes de 1935...

O Relógio

"Pára-me um tempo por dentro
passa-me um tempo por fora.

O tempo que foi constante
no meu contra tempo estar
passa-me agora adiante
como se fosse parar.
Por cada relógio certo
no tempo que sou agora
há um tempo descoberto
no tempo que se demora.

Fica-me o tempo por dentro
passa-me o tempo por fora."


José Carlos Ary dos Santos

domingo, 16 de setembro de 2012

Ser doido-alegre, que maior ventura!

"Ser doido-alegre, que maior ventura!
Morrer vivendo p'ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!

Encara, rindo, a vida que o tortura,
Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,
A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso...

Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Ai quem me dera ser doido também
P'ra suportar melhor quem tem juízo."


António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."António Fernandes Aleixo nasceu em VilaReal de Sto. António a 18 de Fevereiro de 1899 e faleiceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949, aos 50 anos.

Foi um poeta popular português
.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Viver a vida





Vai vida,
Anda, corre, salta e ri.
Tens bilhete só de ida
Por isso aproveita e sorri.
Tudo é só facilidades?
Não! Tu também vais cair!
Há por aí muitas maldades,
Mas tens mais é que te divertir!
Olha pra ti e vê-te bem…
Afinal no começo nada se tem
Por isso o que vier é só para ganhar,
Então levanta-te e toca a andar!
Sabes o que tu vais querer?
Chegar ao fim e valer a pena morrer.
Então, para isso acontecer,
Anda Vida … vamos viver!



Ricardo Matos