terça-feira, 28 de setembro de 2010

Iguais ... um dia


Lutam pela diferença os ricos
E pela igualdade os pobres,
Mas somos todos os iscos
Desta sociedade e seus podres.

Somos iguais a corpo nu,
Diferentes no quotidiano,
Se sou eu ou se és tu
Nunca vai haver engano.

Iguais na vida nunca seremos,
Nas posições ou meios sociais.
Para o mesmo lado não remaremos,
Por muito parecidos que sejamos, jamais.

Um dia, sim, seremos iguais
Que a todos calha a mesma sorte,
Ricos de cortiça ou de cristais,
Nenhum escapará ao destino da morte.





Ricardo Matos

domingo, 26 de setembro de 2010

Pelo sonho é que vamos


"Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos."

(Sebastião da Gama)

Conhecimentos e Mudanças

Olá caros leitores,

Antes de mais, devo transmitir-vos que, a partir de agora, vou postando aqui poemas que considere marcantes para mim de grandes autores portugueses e vou intercalando com poemas escritos por mim. Pelo menos um por semana vou tentar colocar aqui.

De seguida, tenho a dizer-vos que vamos mudando certas formas de ver a vida e os seus acontecimentos consoante vamos conhecendo os peões deste belo e trágico jogo ...

Tenho conhecido, sem dúvida, pessoas que - pelo menos a mim - não me interessam muito, mas tenho tido a felicidade de conhecer pessoas que me enriquecem também ...

Já há algum tempo uma Senhora, que também tem um blog - o qual aconselho (http://sineste.blogspot.com/) - Maria de Lourdes Beja, num dos seus comentários me incentivou a continuar a apostar na poesia. Desde Já, muito obrigado Dona Maria de Lourdes pela sua amabilidade e por se dar ao trabalho de ir lendo os meus poemas.

Tive, há bem pouco tempo (cerca de uma semana), o prazer de conhecer outra Senhora, a Conceição, que também já comentou no meu blog, que me abriu janelas fantásticas para o mundo da literatura. Não é que já não tivesse pensado nelas, como lhe transmiti na longa conversa que travamos, mas nunca tinha falado com ninguém acerca desse assunto como fiz com a Conceição (permita-me que assim a trate). Espero que goste dos meus poemas e não se iniba de duras criticas que ache que deva fazer acerca da minha "arte" (se é que me permitem os artistas que assim a trate).

Foi para mim um enorme prazer falar, igualmente na mesma conversa anteriormente referida, com o Coelho (amigo presente no jantar) que, com opiniões muitas vezes antagónicas às que eu tinha e transmitia, me abriu igualmente horizontes para o juízo acerca da arte (ou a falta dele). Uma conversa muito rica em conhecimentos e na qual, confesso, me senti tão pequenino por vezes, à beira do vosso "monstruoso" e belo conhecimento. (obrigado a ambos).

Por fim, mas não menos importante, BEM pelo contrário, começou com uma troca de e-mails em que lhe enviei alguns poemas e ele ia fazendo os seus comentários, sempre muito elogiando ou contrariando o que transmitia nas minhas "criações". Sempre soube que gostavas de escrever e que até tinhas alguns poemas, mas da forma como os revelaste ... foi surpreendente, admito. Houve tempos em que estivemos distantes, o que me deixa uma certa mágoa, confesso, e posso mesmo dizer arrependimento em certos casos, pela forma como te julguei. Mas ainda tenho 21 anos e acho que temos muito tempo pela frente para recuperar ... Obrigado por seres quem és e por me teres passados alguns dos teus preciosos genes. Obrigado ... PAI.



Não queria aborrecer ninguém com esta minha postagem (tento ao máximo omitir os estrangeirismos, como post), mas acho que o agradecimento não fica mal a ninguém e é minha obrigação agradecer a estas pessoas pelo que me vêm transmitindo.

Obviamente, não posso deixar de colocar aqui o meu avô materno (Rui) pelos conhecimentos que me transmite ao nível da literatura portuguesa e por me deixar ir espreitando a sua "biblioteca".


PS: desculpem se me esqueci de alguém ou de referir algum facto de igual importância. Quando utilizo o Título de "Senhora" é com o maior respeito, pois para mim, é o grau máximo que pode ser atribuído ao ser humano de género feminino por aquilo que é, que transmite e dá enquanto indivíduo à sociedade em que está inserida.
Conceição ... Já estou a ler "O Principezinho". O prometido é devido.

A todos ... OBRIGADO.


Ricardo Matos

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vou indo


Já estou farto de esperar por tudo aquilo que quero.
Já estou farto de nada ter e muito eu espero.
Gostava de não ter tanto de esperar
E de algo poder ter sem muito lutar.

É desgastante andar sempre a correr,
De um lado para o outro sem saber o que fazer.
E nada é demais valorizado aqui.
Quando vou saber ... foi avaliado por ti.

Que importância tal, afinal me dás?
Ando sempre em frente e tento não olhar para trás,
Mas é muito complicado quando o que tenho
É de menos valorizado e nunca chega quando venho.

Ao pé de ti, se estou, nunca sei o que sentir:
Se ficar, se fugir, se agradar ou apenas partir.
Aguardar não vou já mais, pois não por mim esperas.
Vou andando no meu caminho e apanhar-me-ás se me amas deveras.




Ricardo Matos

Portugal cego, mas que vê


Foste pátria invejada
Pelos feitos que tiveste,
Numa Terra alargada
De sentimentos agrestes.

Quando a 12 começámos
Muitos heróis haviam passado
Pela História que marcámos
Com futuro traçado.

E assim foste evoluindo
Com cantores e guerreiros
Que iam ganhando e traduzindo
Várias vitórias em muitos terreiros.

E em tempos tudo perdeste,
Muita coisa ficou para trás.
Os papéis tu inverteste
E tomaste decisões más.

O povo as costas te voltou
Louvando-te sempre seu nascimento.
Mas por ti de lutar deixou
Gozando-te apenas escasso momento.

Todos dizem que está mal,
Esta e aquela decisão.
Mas a ti, meu Portugal,
Vão-te construindo o caixão.

O que nunca foste te desejam
Os teus filhos, de zangados.
Espanhóis que todos sejam
Todos esses desesperados.

Uns só alimentam egos,
Outros só protestam no café.
Este Portugal cheio de cegos
E que ao mesmo tempo vê.



Ricardo Matos